
Publicação: 3 de junho de 2015
Empresa deixou de fabricar o produto em junho de 2014. Especialista aponta que o País tem tecnologia para produzir o insumo e até mesmo exportá-lo
Em abril, Dr. Croda representou a SBMT em reunião da Rede TB, que busca junta a OMS construir uma agenda de pesquisa nacional que seja modelo para o resto do mundo
O Brasil está no 17º lugar no ranking de países com maior carga da doença. Com a incidência de 33,4 por 100 mil habitantes e de mortes de 2,3 por 100 mil habitantes, o País tem o desafio de reduzir, até 2035, o coeficiente de incidência da enfermidade em 90% e, de óbitos, em 95%. Para atingir esses objetivos é preciso aperfeiçoar principalmente os métodos preventivos. Um dos testes que pode auxiliar nessa tarefa, no entanto, já não é comprado pelo governo brasileiro há mais de um ano e até hoje não uma alternativa para obter o insumo.
Trata-se do teste tuberculínico, também chamado de PPD (derivado de proteína purificada, na sigla em inglês), usado para diagnosticar tuberculose latente – a forma assintomática da doença. Quando o exame acusa positivo para a forma assintomática, o paciente inicia um tratamento preventivo da tuberculose, com apenas um medicamento. Quando a enfermidade é ativa, é tratada com um coquetel de remédios.
Em populações especiais como indígenas, crianças e principalmente pessoas vivendo com HIV/AIDS, é necessário iniciar um tratamento preventivo para evitar que a doença se desenvolva para a forma ativa. O PPD faz o diagnóstico da tuberculose latente e nessas populações especiais recomenda o inicio do tratamento.
O governo brasileiro fazia a encomenda de uma nova remessa de kits para o período de 2014/15, no primeiro semestre do ano passado, quando foi avisado que o laboratório produtor, na Dinamarca, havia sido vendido e interrompeu a produção.
“Já estamos no meio do ano de 2015 e não temos uma perspectiva de resolução desse problema. Acho que é importante tentar viabilizar uma resolução o mais rápido possível para que tenhamos algum teste de diagnóstico de tuberculose latente”, disse o infectologista Julio Croda.
Segundo o ofício circular nº 25 do Ministério da Saúde (MS), de junho do ano passado, as negociações para a compra do teste foram iniciadas em setembro de 2013. No entanto, após renegociações de preço, somente no meio do ano passado foi possível concluir o processo de aquisição dos kits, mas a negociação não chegou a ser concluída.
Em novembro do ano passado, a Pasta soltou uma nota informando que o teste de PPD “é um exame complementar aos principais métodos de diagnóstico laboratorial da doença, que são baciloscopia, exames clínicos e de raio X”. Ainda de acordo com o Órgão, o Brasil já oferece o teste rápido de tuberculose, sendo um dos primeiros do mundo a implementar este método de diagnóstico. Lembrou, ainda, que a falta do PPD é mundial.
Segundo o Dr. Croda, é fundamental que haja testes específicos como o PPD para a descoberta preventiva de tuberculose latente. Ele afirma que há alternativas como o Igra, já adotado nos Estados Unidos. No entanto, esse tipo de exame é mais caro e necessita de alguma estrutura laboratorial.
“O Brasil dispõe de institutos, como a Fiocruz e o Butantan que dispõem de tecnologia e capacidade para produzir este insumo nacionalmente, capaz de atender a demanda interna e, até mesmo, a externa. O País pode assumir um papel de liderança para suprir essa carência: fabricar o PPD e disponibilizá-lo ao resto do mundo”, explicou o Dr. Croda.
Workshop
Em abril, o Dr. Julio Croda foi o representante da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) na reunião da Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose (Rede TB), que busca junta a Organização Mundial da Saúde (OMS) construir uma agenda de pesquisa nacional que seja modelo para o resto do mundo. “Durante o encontro, foram criados grupos específicos para começar a redigir uma proposta de trabalho. Foi uma primeira reunião para criar uma agenda comum de pesquisa em tuberculose a ser exemplo para o mundo, de como a pesquisa e a inovação podem trazer impactos na redução da mortalidade e da incidência de tuberculose”, disse o infectologista. O grupo foi formado 2001 com cerca de 300 pesquisadores de 60 instituições brasileiras.…
Os resultados da pesquisa demonstraram, pela primeira vez, declínio significativo dos processos cognitivos nesse público
Pesquisadores mapearam como o parasita forma novas variantes que são mais eficazes em escapar do sistema imunológico e causar doenças
O Centro de Informação em Saúde para Viajantes (CIVES) idealizado pelo Prof, Fernando Martins inspirou a criação do Núcleo de Medicina do Viakjante do INstituo de Infectologia Emílio Ribas
Na atual situação de ameaças pandêmicas, a importância da doença não deve ser subestimada