
Publicação: 7 de março de 2018
Além disso, estudos experimentais já demonstraram a capacidade dos vírus da dengue, chikungunya e zika infectar o albopictus na natureza
O Aedes albopictus pode ser vetor de ligação entre os ciclos urbanos e silvestres ao estabelecer um ciclo intermediário ou rural, ou ainda ele próprio passar a transmitir em áreas urbanas
Uma descoberta inédita no mundo deve abrir nova frente de estudos sobre a transmissão da febre amarela no Brasil. De acordo com o doutor Pedro Vasconcelos, Médico virologista e diretor do Instituto Evandro Chagas, no Pará, os próximos passos agora incluem coletar mais mosquitos para verificar a taxa mínima de infecção em natureza; se eles forem novamente encontrados positivos, realizar estudos para determinar a competência vetorial, a carga viral necessária para eles se infectarem e transmitirem o vírus da febre amarela em natureza, e muitos outros envolvendo animais de laboratório para checar a capacidade dele em transmitir o vírus amarílico em condições experimentais (de laboratório) para esses animais (roedores e primatas não humanos).
Na opinião do virologista, o Aedes albopictus, também chamado de “tigre asiático”, pode contribuir para aumentar o risco de urbanização da febre amarela. “Mas o mais importante é que ele pode mesmo estabelecer um ciclo de transmissão rural ou intermediário”, alerta. Dr. Vasconcelos ressalta ainda que o Aedes albopictus é transmissor de dengue na Ásia (onde é vetor secundário), e do Chikungunya, onde ele se tornou desde 2004, um importante transmissor no Oceano Índico, no sudeste asiático e na Europa (surtos na França e Itália). “Essa habilidade em transmitir foi associada com uma mutação ocorrida na proteína do envelope viral (Proteína E); não há registros de infecção natural desse mosquito com o Zika vírus. No Novo Mundo, ainda não havia sido demonstrado o papel de transmissor de arbovírus pelo Aedes albopictus, e isso após mais de 30 anos que essa espécie se tornou ‘endêmica’ no Brasil seguindo a introdução dela no País. Como os três vírus (dengue, chikungunya e zika) circulam no Brasil já há algum tempo, não seria surpresa se eles infectassem o Aedes albopictus em natureza. Estudos experimentais já demonstraram essa capacidade”, complementa.
Em julho do ano passado, o estudo “Potential risk of re-emergence of urban transmission of Yellow Fever virus in Brazil facilitated by competent Aedes populations”, que contou com a participação do Dr. Vasconcelos, foi divulgado na revista internacional Scientific Reports. Naquela época já se apontava para o possível risco de ressurgimento da transmissão urbana do vírus da febre amarela no Brasil. Questionado se estamos mais perto disso, o especialista ressalta que o risco aumentou porque agora já se sabe que o vírus da febre amarela pode se replicar nessa espécie em natureza. “E esse mosquito pode atuar com ‘bridge vector’, ou seja, vetor de ligação entre os ciclos urbanos e silvestres ao estabelecer um ciclo intermediário ou rural, ou ainda ele próprio passar a transmitir em áreas urbanas, o que seria menos esperado”, acrescenta.
Para o virologista, a presença do vírus nos Aedes albopictus pode ter vindo tanto de um macaco infectado quanto de humanos que moram nessa faixa intermediária (zona rural) que estavam infectados e na fase inicial da infecção (período de viremia), quando o vírus circula no sangue e pode infectar mosquitos. “Como o albopictus vive mais nesse estrato, é bem possível que a infecção dos mosquitos tenha como fonte o próprio ser humano que se infectou na floresta. Mas não se pode descartar que a infecção tenha sido adquirida a partir de macacos”, admite.
O Dr. Vasconcelos destaca ainda a colaboração do Dr. Ricardo Lourenço de Oliveira, diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), e adianta que ele deve participar dos estudos que pretendem desenvolver. “Ele também está realizando estudos semelhantes no Rio de Janeiro com Aedes albopictus coletados no estado do Rio. Ele é um fantástico entomologista. Portanto vamos unir esforços no sentido de acelerarmos esses estudos”, garante.…
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